As lesões esportivas têm sido pautadas por um paradigma reducionista nos últimos anos com causa e efeito diretamente correlacionáveis, de forma linear, seria possível trabalha-los separados. Assim, se tirássemos esse fenômeno do contexto, poderíamos evitar a lesão.
Para mudar esse cenário, bitencourt et al. (2016) propôs o modelo dos sistemas complexos, onde todas as variáveis de interagem e mudam o padrão emergente resultante de um contexto. O paradigma da complexidade vem sendo utilizado por diversas áreas do conhecimento (ciências sociais, medicina, mercado financeiro e engenharia ambiental) como alternativa para o entendimento de fenômenos mais complexos, nos quais é necessário compreender as relações entre o todo e as partes.
A compreensão de interação é fundamental no pensamento complexo, uma vez que, se dois elementos, A e B, estão em interação, o comportamento de A interagindo com B é diferente comparado ao seu comportamento em uma outra relação.
A estabilidade sem um equilíbrio, através da dissipação de energia, dá aos sistemas complexos a possibilidade de se auto-organizar. A auto-organização é a emergência espontânea de novas estruturas e de novas formas de comportamento em sistemas abertos. Isto é um processo dinâmico.
Um exemplo seria a alta demanda sofrida por um joelho após uma rigidez de tornozelo por causa de uma entorse. Um novo modelo emergiu de uma necessidade para atingir objetivos de tarefas antes superadas com um modelo diferente, que não é mais possível mecanicamente. A isso, haverá uma adaptação, que pode ser positiva ou negativa. O treinamento e a reabilitação tem papel fundamental no direcionamento que isto poderá seguir.
Para isso, o individuo/atleta deve ser analisado de forma global, Diversas variáveis como fraqueza, sono, estresse e momento devem ser integradas no raciocínio da intervenção. Assim, ao invés de buscarmos causas, devemos encontrar relação que aumentam à exposição não adaptada do individuo à uma tarefa potencialmente perigosa. Assim, não buscamos prever fatores relacionados à lesão, mas sim, prever a emergência de uma lesão, com os padrões de interações entre fatores já reconhecidos na literatura. Estes padrões de fatores relacionados ao aumento do risco podem ser trabalhados de forma interdependente e multidisciplinar.
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