A chegada do último mês do ano parece que nos convida a fazer reflexões sobre nossa jornada. Tanto sobre a que passou, quanto sobre a que está por vir.
Comer é essencial para manter a vida, mas, o ato de comer transcende a mera necessidade biológica de sobrevivência. O comer é cheio de significados culturais e de simbolismos. A própria linguagem revela a comida no dia a dia, como nos termos “comida de vó”, um “beijo doce”, é uma “encheção de linguiça”.
A comida ocupa grande parte do tempo útil da vida do ser humano. Alimentar-se é uma atividade exigente em vários aspectos. Imagine todo o caminho que precisa ser percorrido para que uma maçã venha parar em nossa mesa. Semente, plantio, adubo, água, colheita, transporte, armazenamento, distribuição. É uma cadeia longa, complexa, custosa. Não tem atalho quando se trata de produzir comida.
No dia a dia não pensamos em nada disso porque a comida parece que aparece na geladeira e na despensa como que por mágica.
Ainda depois desse caminho todo, para chegar no garfo, ela ainda exige tempo. Tempo para ir às compras, tempo para guardar na despensa ou geladeira, tempo para organizar o preparo, tempo para preparar, tempo para limpar a bagunça que fica depois do preparo e tempo para comer. Ou seja, os tempos mudaram, mas o comer, que nos dá condições de existir, continua sendo uma atividade exigente, custosa e complexa.
E mesmo com toda essa exigência, comemos sem pensar em nada disso. O comer tornou-se banalizado. Entrou para o automático. E no automático, não dedicamos tempo para pensar a respeito.
Então, o convite que nós fazemos para você nesse fim de ano é: que tal fazer uma reflexão nutritiva e pensar no que o comer pode nos ensinar ?
O que você aprendeu este ano com o ato de se alimentar ?
Se você fez uma dieta para perder peso, o que você aprendeu com a experiência ? Como você se sentiu? Em restrição ? Com falta de liberdade ? Triste ? Feliz ? Com um desafio gostoso de cumprir ? Quais foram as lições que você trouxe dessa experiência ?
Ou ao contrário, se o objetivo era ganhar peso, houve dificuldades ? Quem precisa ganhar peso parece que não tem problema nenhum, mas não é bem assim.
Você recebeu diagnóstico de alguma doença que exigisse modificações alimentares ? Se sim, qual sua primeira reação ao receber as orientações alimentares ? E depois que os primeiros momentos passaram ? A percepção se modificou ?
Você percebe o processo de digestão acontecendo assim que você acaba de se alimentar ? Você percebe se se excedeu nas quantidades ? Ou se os alimentos não se acomodaram muito bem no estômago ? Percebeu que alguns alimentos parecem ser mais facilmente digeríveis que outros ?
Podemos aprofundar essa investigação até o infinito e quanto mais perguntas fizermos, mais nos conheceremos. Acima de tudo a mensagem que gostaríamos de deixar é se comer é tão essencial para a vida, como é possível que tratemos o ato de se alimentar de forma tão banalizada ?